Amélia de hoje

 © Letícia Thompson

 

 

Amélia que era mulher de verdade. Eu sou apenas uma mulher. E gostaria de reinvindicar o direito de sê-lo.

Sou vaidosa. Uso baton pra dar cor à minha vida. Maquiagem para parecer mais bonita.

Não faço tudo com perfeição; alguns fios de cabelo branco, apesar de todas as tentativas para evitá-los, aparecem. Uso cremes pra retardar o envelhecimento e se à noite tenho dores de cabeça é porque me sinto cansada.

Nem sempre estou disponível e pronta e cometo erros. Me engano, como qualquer outro ser humano normal. Gosto de roupas, sapatos, jóias, perfumes e flores. Um minuto de atenção me faz ganhar todo o dia.

Sou sensível, fraca, frágil. Sou forte quando preciso. Minha única busca: o amor e tudo o que dele resulta: crianças, trabalho, dia-a-dia e felicidade. Mas vou além: quero segurança, andar de mãos dadas, ser pega no colo e ser chamada de rainha.

Minhas lágrimas me traem quando menos espero. E desespero. Detesto a solidão, a falta de atenção. Sou impaciente e não gosto de esperar.

Não quero ser objeto e nem ter dono. Sou capaz, por mim mesma, amando, de me entregar de todo e ser fiel. Sem amarras, simplesmente por amor.

Posso ferir, como todas as rosas. Mas perfumo também, dou encanto. Ilumino o amor como só as mulheres sabem fazer. Compenso, se assim posso dizer.

Há sempre um preço para a felicidade e tocar nela é aceitar pagar esse preço.

Sou uma Amélia dos tempos modernos. Mais independente, sabendo o que quer. E o que quero é ser eu mesma.

 

 

Letícia Thompson

contact@leticiathompson.net

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